Sunday, November 04, 2007

Para quem escrevemos?

Começo por postular o óbvio: Quem escreve fá-lo para ser lido. Por quem, define em grande parte o que escrevemos e como escrevemos. Nem sempre as palavras são para serem lidas por alguém real, alguém que ainda existe ou alguém que seja concebível que venha a lê-las.
Alguns dos textos escritos por mim que releio, esporadicamente, com prazer foram escritos para pessoas que nunca pretendo que os leiam ou para pessoas que infelizmente já não se encontram entre nós. Outros foram escritos para ninguém em especial mas não pretendo que alguém que não seja eu próprio alguma vez os leia. Mesmo assim, foram escritos para serem lidos por esse alguém que nunca os há-de ler... Talvez pareça confuso mas se pensarmos no cerne da questão, é claro como a água límpida.
Como se inserem nesta perpectiva os textos escritos só para desabafar, ou para ajudar a prespectivar as nossas ideias (sim, porque estas também são razões para escrever...)? Exactamente no sentido explicitado no parágrafo anterior: foram escritos para ser lidos por alguém indefinido que nunca os há-de ler, mas são sempre escritos para alguém.
Isto tudo para justificar o postulado inicial: quem escreve, escreve para ser lido. Agora o porquê de escrever toda esta baboseira... Tal como eu escrevo estas linhas para serem lidas ou deixadas de lado como desinteressantes por vocês que frequentam este espaço, também a Sr. Rowling escreve para um público bem definido (sim, retorno à problemática do Aldus Dumbledore ser gay...) e esse facto define o que escreve e como o escreve. Quando escreveu as histórias do Master Potter, estou bastante seguro de que não atribui, nem em pensamentos, nenhuma sexualidade ao pobre Dumbledore, porque essa questão não interessava ao público para quem escrevia. Só quando confrontada com o facto de que alguém com quem dialogava se interessava por essa questão é que teve de decidir qual a sexualidade do excelso professor. Não penso que tenha optado pela homosexualidade por ter ela própria pensamentos dessa natureza ou por o seu esposo ter virado para o lado escuro da força ou qualquer outra razão semelhante. Somente pensou, novamente, em quem era o alvo das suas palavras (faladas nesta instância, mas estou certo que estava cientes que estas seriam escritas quase de imediato...). Pensou: “Falo com alguém que já se preocupa com sexualidade e, como tal, que reagirá muito mais fortemente se eu atribuir uma sexualidade mas inconvencional às minhas personagens”... e voilá: Dumbledore é gay!!! Mesmo assim não foi mau de todo, podíamos ter a Hermione envolvida num combate campal na cama com a futura esposa do Sr. Potter (a descrição de tal batalha épica ficaria certamente um pouco deslocada num livro para um público mais jovem, mas poderia ter a sua graça...).
Não escrevi tudo o que queria escrever mas o texto já vai um pouco longo para o que é costume (se chegou aqui sem saltar nada e sem adormecer, parabéns! Provou que era um leitor persistente de delírios literários inconsequentes).

3 Comments:

At Mon Nov 05, 01:07:00 PM 2007, Blogger player1331 said...

Eu ouvi este texto nalgum lado...
talvez à hora de jantar de ontem...
ou melhor a ideia por detrás dele...
:P

mas acho que ela até podia ter uma ideia definida que o Dumbledore seria gay...ou até não podia...
we will never know Mr Smith will we?
:P

eu cá escrevo porque gosto de escrever...e porque me ajuda a organizar ideias e raciocinar um bocado (um bocadinho muito muito muito pequeno)

era só pa dizer que eu li o teu texto até ao fim e não adormeci nem nada (o que para mim poderás dizer que é um feito visto que adormeço em tudo o que é sitio...) e nem fiquei com vontade de dormir...

e pronto :D

 
At Mon Nov 05, 02:19:00 PM 2007, Blogger grassa said...

Eu escrevo pelo gosto de escrever, para que me leiam, para auto-satisfação do meu ego, para entreter os outros e para dar-me a conhecer...

E toda a saga Harry Potter é gay...

 
At Wed Nov 07, 01:56:00 PM 2007, Blogger Leitão said...

Sobre este assunto tenho 3 comentários que passo a fazer:

1) Li o texto até ao fim e não adormeci, achei que levantou uma problemática interessante...

2) Estou ainda a tentar apagar da minha memória as imagens mentais que me ocorreram com a revelação do obscuro percurso nas artes "mágicas" do Albus.

3) Para quem escrevemos?! De facto o alguém tem de existir mesmo quando não existe. Eu? Escrevo para vocês. Quando quero escrever sem ser para vocês, não escrevo aqui... não é obvio?! :P

 

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